Natal

LEMBRANÇA DA MINHA INFÂNCIA
Na terra onde nasci
Tinha uma divisão
De um lado era agreste
Do outro era sertão
Lembro e sinto saudade
Do meu pedaço de chão.
E as cinco da matina
Todos estavam de pé
Mamãe no fogão de lenha
Já preparando o café
E papai rezando o terço
Pois era um homem de fé.
Terminando a oração
Papai na mesa sentava
Tomava o seu café
E depois se levantava
Com a enxada nas costas
Para roça caminhava
Mamãe ficava em casa
Pra cozinhar o feijão
Buscar água na cacimba
Dá ração para o leitão
De tarde fazer angu
Ou mocotò com pirão.
E papai lá no roçado
Quando dava meio-dia
Embaixo do Juazeiro
Comia sua boia fria
Se segunda à sexta-feira
A cena se repetia
Eu era muito pequena
Cheia de calos na mão
O roçado foi meu livro
De inverno até o verão
Embaixo do sol tão quente
Os pés queimava no chão
Mas papai sempre falava
Filha vamos trabalhar
Eu sou um agricultor
Você não pode estudar
Escola é pra “fi” de rico
Se bote no seu lugar
De janeiro, até março
O tempo de plantação
No roçado nos plantava
Batata milho e feijão
E no tempo da colheita
Era farto os nossos grãos
Na nossa casa de taipa
Era grande a humildade
Não tinha nem “tamborete”
Mais tinha felicidade
Nem se compara hoje em dia
Com a vida na cidade
E chegava o mês de junho
Era tempo de São João
Mamãe fazia canjica
Em um tacho no fogão
No rádio tocando música
Forró, bolero e Baião
E lá fora no terreiro
Papai já organizava
Acendendo a Fogueira
Assar milho começava
E lá no meio da sala
Maria Lima

JORNADA DA DEUSA
Eu quero pedir licença
Pra contar a minha história
Sou uma Deusa de fé
Vou puxar pela memória
O meu gosto por café
E a minha trajetória
A jornada que me fez
Descobrir, reconhecer
A Deusa que habita em mim
E que me fez entender
Onde era o meu lugar
A essência de viver
Encontrei um portal mágico
Na arte, cores e escrita
Me acolho, me pertenço
Sou aquela que medita
Mergulho na profundeza
E me sinto mais bonita
Mesmo saber nadar
Adentrei na correnteza
Mergulhando nas entranhas
Sem perder delicadeza
Em lugares escondidos
Encontrei minha certeza
No autoconhecimento
Aprendi pedir ajuda
Mesmo chorando no escuro
E sem ninguém que acuda
Minha essência iluminada
Me dá paz e nunca muda
Nesse processo de cura
Hoje não sinto mais medo
Tenho coragem em mim mesma
Este é o meu segredo
Acolhendo o desconforto
Pois sou Deusa desde cedo
Aprendi que o amor próprio
Tem infinitas camadas
Processadas pelo tempo
E por ele moderadas
Hoje sigo a intuição
Minhas Deusas moderadas
Hoje sou independente
Evocando o meu poder
Não preciso de licença
Eu já sei como fazer
Venço qualquer obstáculo
Por minha arte de ser !!!
“ Deixe ELA,
Que ELA é Deusa DELA”
Deusa Dela

MINHA MÃE
Te amo desde que vim
És pra mim grande mulher
Respeito suas decisões
Sempre fazes o que quer
Eu fui muito abençoada
E não és mulher qualquer
Sigo sempre meu caminho
Muito forte e independente
Sei que a vida não é fácil
Deus sempre tá com a gente
Ele não nos desampara
Sigo a vida livremente
Teve vida bem difícil
Nunca nada nos faltou
Trabalhando noite e dia
Foi assim que me criou
És mulher forte e guerreira
Poucas vezes se enganou
Mas somos folhas ao vento
Filhos de um Criador
Que apesar de tantos erros
Nos corrige com amor
Te amo, oh, mãe querida
A senhora é uma flor
Para mim, sempre o melhor
Eu não posso reclamar
Tudo foi tão importante
É o que tinhas para dar
Hoje mãe, sigo seus passos
Até onde me levar
Me ensinastes a ser mãe
De forma independente
Não tinhas como saber
O que passa em minha mente
Tenho orgulho e tenho dito
És guerreira bem valente
Não guardo em meu coração
Uma mágoa da senhora
Muito amor e acolhimento
Levo nesse mundo afora
Sempre contarei contigo
Nunca tarda e não demora
Se não falo muitas vezes
É difícil me expressar
Então faço esses versos
É mais fácil pra falar
Eu tenho uma grande mãe
Sempre a me abençoar
Agradeço muito a Deus
Ter me dado uma pessoa
Como um anjo protetor
Para mim sempre foi boa
Eu te amo mamãe querida
Te vejo como uma leoa
Uma mãe é um tesouro
Que ganhamos ao nascer
Ela é muito especial
Nos ajudar no viver
Cuide bem da sua mãe
Para não se arrepender
Diante das grandes lutas
Na batalha é vencedora
Nos protege com amor
Pois é bem batalhadora
Mãe é muito valiosa
Sempre muito acolhedora
Se ela chega a errar
Sei, não erra por querer
Pois tudo faz por amor
Sempre a nos defender
Ama seu filho querido
Não precisa entender
O Ser Mãe é uma coisa
Bem difícil de explicar
O filho pra ela tudo
Não tem como não amar
Minha mãe é um presente
Veio para me zelar.
Arizete

RETALHOS
Venho por estes versos
Meu recado deixar
Lembrar que existe cordel
Eu posso desabafar
Histórias do meu passado
Meus queixumes deixar
Abri o meu coração
Quantas dores eu passei
Deixando tudo pra lá
Feliz aqui estarei
Buscando a liberdade
Meu cordel realizarei
Que povo maravilhoso
Hoje eu pude encontrar
Falam sempre do amor
Que nunca há de faltar
Mostrando toda beleza
Dessa mulher potiguar
Nesses meus próximos versos
Vou aqui reinventar
Falo da minha vontade
Do cordel vir registrar
Ouvindo outras histórias
Da cultura popular
Decidi trazer os fatos
De modo particular
Sou mãe, sou professora
Da terrinha potiguar
Eu lutei muito na vida
Para o espaço alcançar
Eu venho de uma terra
Do agreste potiguar
Montanhas é o seu nome
Há tempos saí de lá
Extremoz é a nova terra
Que ficou em seu lugar
Quero tanto que o cordel
Venha me fortalecer
Levar este ensinamento
Multiplicando o saber
Estimulando o aluno
Na hora dele aprender
Finalizo a minha história
Deixo aqui o meu legado
Levarei ensinamento
Desse novo aprendizado
Um curso tão importante
Que vai ficar registrado
Eliane Alves

EXALTAÇÃO
Eu venho neste cordel
Uma história contar
De uma terra broquel
Que fica além do mar
Fica linda no Natal
É nela que irei ficar
Tanto arder e fascínio
Com dunas a branquear
Torna seu tom triunfal
No meu peito a orgulhar
Parecendo um missal
Então vamos celebrar
A linda “Noiva do Sol”
Chegando para clamar
Seduzindo com um céu
De joelhos vou ficar
No alvoroço desperto
Eu acho que vou voar
No sul vejo o cajueiro
Grande no seu patamar
Estando o maior do mundo
Alçando o esverdejar
Vem gente de outro mundo
Somente para ele olhar
No rol um tapete vejo
Em um grande esperançar
São as chananas sorrindo
Para a gente apreciar
No andar vou deslumbrando
Consolando o meu olhar
Amanhecer deslumbrante
Com crianças a sonhar
É Francisca e Francisco
Dois irmãos a se amar
Na dureza do calafrio
Na humildade chorar
Quando a fome afronta
Vem os irmãos guerrear
Buscando pelo marisco
Neste rio Potiguar
Também correndo descalços
Buscando se alimentar
Mas a vida é assim mesmo
As vezes dói pelejar
Mas com a fé vão andando
Para a cidade amar
Com a tristeza acalmando
Em Natal querem ficar !!
Greice Jerônimo

CULTUANDO A NATUREZA
Eu gosto da natureza
Tudo para contemplar
Os dias ficam mais leves
E ajudam a me acalmar
As dádivas do criador
Surgem para embelezar
Admiro o amanhecer
O sol para clarear
E tudo que traz a paz
Os pássaros a escutar
Os campos, bosques e plantas
As flores e o pomar
Eu amo o cheiro da chuva
E o barulho do mar
Também o voo dos pássaros
Que merece destacar
Surgindo o entardecer
Para contemplar o luar
As vezes olho o céu
Para o azul contemplar
No correr de cada dia
Vem o sol iluminar
Logo ao cair da noite
Muitas estrelas contar
Passarinho beija-flor
Ajudando a brotar
O vento traz suas folhas
Que o tempo faz secar
E cada flor embeleza
Com perfume a exalar
Que natureza tão bela
Por do sol pra admirar
Vindo o clarão da lua
Vem a noite embelezar
E nossa expectativa
De um novo dia raiar
Curta a linda natureza
Com uma luta a travar
Cultuando o que é belo
E um novo despertar
E as novas gerações
Irão reverenciar
Ame toda natureza
Criando um novo olhar
Cuidando bem dos biomas
A tarefa é preservar
Todos juntos pelo lema
De um amanhã desfrutar
Maria Suzanete

A LOUCURA DA CONQUISTA
Me apresento a você
Eu sou bem mais do que pensa
As vezes sou retraída
A descontração compensa
De mansinho vou chegando
Preconceito, deixa tensa
Aos poucos vou chegando
Conquistando o meu direito
Toda mulher é senhora
Merece todo respeito
Não sou boba meu amigo
Melhor me tratar com jeito
De repente uma loba
Não me leve tão além
Seria só o seu olhar
E isso não me faz bem
E mesmo sendo atípica
Posso ser forte também
Ana Cláudia Salustino
Cresci vista com louca
E vista com preconceito
Onde a sensatez é pouca
Para os que bullyng gostam
Eu grito e não ficou rouca
De caráter duvidoso
E tão maus de coração
Perversos na estupidez
Não tem nenhuma noção
E nem sensibilidade
Para acolher o seu irmão
Me indago sobre o Normal
Não encontrei perfeição
Mas eu não sou diferente
E eu chego à conclusão
Que é melhor ser diferente
A estar fora do padrão
Pois o padrão é sem sal
Eu não quero me esconder
Quero ser tudo que sou
E o que nasci para ser
Uma mulher poderosa
Que nasceu para vencer
Termino este cordel
Aprendendo a lição
Que todos somos iguais
Não existe ninguém são
Pois no nosso mundo louco
O que vale é o coração
Anna Cláudia

A BELEZA DAS PALAVRAS
Hoje eu estou aqui
Para me apresentar
Sou a Dalvanira Melo
Irei me comunicar
Sou pedagoga arteira
Nunca deixei de rimar
Ontem não estava presente
Pra poder poetizar
E no Cria Poesia
Sentimentos transformar
Vamos ver tanta beleza
Venha escrever e rimar
Pelo que já ouvi hoje
São muitas informações
Você sabe o que é sextilha?
Transcende as gerações
São estrofes de seis versos
Que transmitem opiniões
Deixa-me a liberdade
E permita-me escrever
Extraindo a beleza
Palavras pra enriquecer
Eu passo a cada instante
Sou poeta pra valer
A verdade do poeta
Essência da reflexão
A experiência dos versos
São rimas da criação
Da literatura momentos
Carece interpretação
Para uma arte poética
Momentos de expressão
Saber e fazer agora
A arte na proporção
Enriquecer o otimismo
Crescendo a admiração
Os sonhos da esperança
Venho sempre deslumbrar
O amanhã sempre continuo
Na certeza de buscar
Das rimas e das estrofes
Deixa em mim o aventurar
Buscando a cada dia
Do verso até abalar
Terá a rima do encanto
Em busca de libertar
Quem sabe se algum dia?
Irei decodificar.
Dalvanira Melo

CORDELIZANDO
Caro leitor e leitora
Venho aqui pra lhe falar
De um grupo especial
Que resolveu estudar
A arte do “cordelismo”
E a cultura popular
A Ampare é este grupo
Que resolveu promover
Curso Cria Poesia
Vou contar para você
Um evento importante
Tentarei lhe descrever
Convocaram as mulheres
De onde quisessem vir
Para aprender a escrever
Pra falar o que convir,
De assuntos variados
Para um cordel construir
Vem mulher de todo canto
Querendo se apresentar
E a ampare aceitando
Sem depender do lugar
Contaram suas histórias
De modo espetacular
Ouvimos atentamente
Suas histórias contadas
Umas bem horripilantes
Outras até engraçadas
Mas o certo é que estavam
Todas elas engasgadas
Na fantástica oficina
Pudemos presenciar
Artistas de toda arte
De escrever, de desenhar.
De pintura, de cozinha
Tratou-se neste lugar
Eu gosto de poesia
Cordel também me faz bem
Nele posso colocar
O que não digo a ninguém
E nesta oportunidade
Vou fazer isso também
As mulheres animadas
Escrevendo, “cordelando”
Relatando sua história
Seus segredos revelando
Estavam presos no peito
Agora soltos pulando
Com a caneta na mão
Sinto-me forte e feroz
Escrevo tudo que penso
Devagar, não sou veloz
Mas tenho a consciência
Escrevendo, tenho voz
A equipe da Ampare
Quero aqui agradecer
A companhia Potigás
Também preciso dizer
Obrigada professores
Por fazerem acontecer
Rosângela Maria

O JARDIM DE MINHA CASA
As pessoas que conheço
Me parecem como flor
Trago para meu jardim
E cultivo com amor
Com a fé de sentimento
Acolho como calor
São pessoas estimadas
Que planto no coração
Cada uma com perfume
Eu digo com emoção
Cuido para florescer
E desprendo afeição
Vejo todo meu canteiro
Adubado, bem florido
Me alegro quando vejo
Tudo lindo colorido
Trago sempre para mim
Meu canteiro preferido
Viajando em meu jardim
Faço como beija-flor
Vou pousando em cada uma
Procurando seu valor
E sentindo o seu cheiro
Que consumo teu sabor
Traduzindo: a fé em Deus
Me colocou nessa vida
Trago pra perto de mim
A pessoa mais querida
Não sou eu a responsável
Para Deus Sou prometida
Através do grande Deus
Externo meu sentimento
Que brota do coração
Que permite provimento
Sou jardim da minha alma
Digo sem ressentimento
Cultivando a amizade
Me dedico com apreço
Disso brota o amor
E recebo o que mereço
E assim me realizo
Ao meu Deus eu agradeço
E aqui vou encerrando
Esse tão lindo Cordel
Poesia que dedico
A mãezinha lá no Céu
Que agora é estrelinha
Para quem tiro o Chapéu
Iris Porpino

VIOLÊNCIA À MULHER
Ampare me dê licença
Para o que eu vou contar
Sou mulher de muita luta
Defensora popular
Meu destino é salvar elas
E a todas poder amar
São marcadas pela vida
E todas sofrem caladas
E eu trago aqui e agora
Suas histórias veladas
Para salvá-las da morte
E se tornarem amadas
Somos mulheres distintas
Mulheres violentadas
A quem nada recebeu
E perdidas nas noitadas
A Lei Maria da Penha
Vem deixá-las amparadas
A população responsável
Também tem que ajudar
Essa parte é bem frágil
A situação mudar
E se não são acolhidas
Com então denunciar
Nós vemos a violência
Chegar em todo lugar
É por meio da justiça
Que a mulher tem seu lugar
Elas merecem direitos
E o respeito a implantar
A mulher é acolhida
Por medida protetiva
Que entra logo em ação
A intervenção mantida
De toda a situação
Para salvar sua vida
Mas a mulher potiguar
Não tem valor no seu lar
Muito menos no trabalho
Seu direito de falar
A mulher entra na luta
Pro direito conquistar
A cartilha da mulher
Traz grande contribuição
Mobilizando a família
Levando a informação
Que ficando avisados
Não entram em confusão
Auxiliadora Borba

CONDOMÍNIO
De um dia bem difícil
Que lição devo tirar
Todo dia aprendendo
Para poder compartilhar
Mas buscando o lado bom
Com sorriso irradiar
Todo dia um desafio
Condomínio visitar
Trabalhando com alegria
Para o condômino agradar
Não é tarefa tão fácil
Tenho as vezes que cobrar
A quem gosta da rotina
Alguns só pra reclamar
Mas sigo certa do foco
E assim continuar
Um trabalho para todos
Suas vidas melhorar
Mas quando aquele condômino
Difícil de se lidar
Ai, haja paciência
Para resolver sem pirar
Parece que adivinha
E já vem me atazanar
Mas aí respiro fundo
E vejo como lidar
Pois o problema é dele
De não saber respeitar
As regras do condomínio
Que não cumpre e quer cobrar
Infelizmente é assim
Em condomínio morar
Mas quem vai tem que saber
Cumprir regras, respeitar
Pois é casa coletiva
Lugar bom para se morar
Há muitos que gostam e vem
Deste lugar desfrutar
Respeitando o Regimento
Sem ninguém desagradar
Este é o bom condômino
Devo parabenizar
Mas aquele que só vem
Pra reclamar e xingar
Do vizinho ao síndico
Sem querer colaborar
Não tem bom coração
E nem Jesus para salvar.
Vitória

RIMAS DO CORAÇÃO
Eu vou me apresentar
Pois vim da terra balada
Que é lá na Baixa Verde
Uma terra abençoada
Por isso eu vim pra cá
Para nossa Natal amada
Tinha o sonho de estudar
Mas um tio invejoso
Veio dar opinião
Pois não era corajoso
“- O seu nome é Damião”
– Oh diploma majestoso!”
“- Você vai para cidade “
“- Só vai trazer ilusão”
“- Menina vá se aquietar”
“- Cê deixe de arrumação”
Palavras não esquecidas
As guardei no coração
Na mala só esperança
De um sonho realizar
E com determinação
Numa faculdade entrar
E também com muito esforço
Meu diploma apresentar
Continuo a caminhada
Querendo sempre aprender
O poder do conhecimento
É o que faz pobre vencer
E por isso não me canso
Ele vou sempre tecer
Nessa longa caminhada
Encontro a literatura
E descubro um novo mundo
Eu me via na leitura
Vivo nova experiência
Aprendi muita cultura
E todas que conheci
A minha é a mais bela
Ah cultura boa da peste
Nossa gente tagarela
É gente de criação
Tem no cordel a parcela
O cordel me encantou
Com toda dedicação
Venho agora entregar
Toda minha inspiração
Entre estrofes e versos
Rima o meu coração
Rouse Klebia

SAUDADE
Todo mundo tem alguém
Que faz uma falta danada
E tudo que é lembrança
Recorda pessoa amada
Quem tem a felicidade
De matar uma saudade
Não precisa de mais nada
A saudade a gente sente
De alguém muito querido
De um cheiro no cangote
Algo nunca esquecido
De alguém que foi embora
Ou ficou lá em outrora
Com o coração ferido
É solidão acompanhada
Do amor que não foi embora
É a tristeza de quem sente
No pensamento toda hora
Um sentimento que invade
Denominado saudade
Que no coração aflora
Não importa quanto tempo
O que vale é a intensidade
De tudo que foi vivido
Construído com verdade
Uma pena que passou
Coração não acostumou
E segue com a saudade
É a tristeza que se vai
Aos poucos se acostumando
Ausência de quem voou
Que já vai se adaptando
Passado que não passou
Presente que machucou
Futuro que vai curando
E a dor do sentimento
Que fica dentro da gente
De um amor mal resolvido
Não se esquece de repente
De uma história apaixonada
Do coração não esfriada
Da chama que segue ardente
É sentir que ainda existe
O que não existe mais
É o pior dos sentimentos
De ter que deixar pra trás
É sincero e verdadeiro
E consome por inteiro
Vai tirando a nossa paz
Não espere ir embora
Pra depois criar coragem
Fale hoje, diga agora
Se expresse sem bobagem
Sentimento resplandece
No coração que padece
Por sentir tanta saudade
Ester Havenna

AMPARADA PELA AMPARE
A ampare me amparou
Trouxe muita inspiração
Para o verso veio luz
Em meio a escuridão
Coragem pra escrever
E tem minha gratidão.
Cordelizar é preciso
Se gosta de registrar
Converse com a Ampare
Que ela sabe ajudar
Busque o conhecimento
Para as regras praticar
Poemas sempre gostei
Foi minha ajuda na leitura
Ouvindo várias histórias
Trouxe amor e a ternura
Também um desejo enorme
Fazer parte da cultura
Literatura em cordel
Preciosa é demais
Apresente aos seus filhos
Leia inté para seus pais
Cada verso se completa
Acredite que é capaz.
Faça uma poesia
Preste muita atenção
Não deixe de escrever
O que vem do coração
Use a realidade
Ou a imaginação
Cordel é uma riqueza
É um povo sem frescura
No nordeste tem a força
Das doenças tem a cura
Busque logo conhecer
Viva essa belezura
O cordel é mais que arte
É a cultura popular
Um grito de sentimento
É versos para rimar
Não importa o momento
O importante é inspirar.
Por aqui vou terminar
Com esse lindo cordel
As regras eu usei
Estão todas no papel
Só não posso esquecer
De dizer Deus é fiel.
Rozeilda Moizes

NORDESTE
O meu Nordeste querido
Que eu não troco por nada
Nesta terra tem Mulheres
Que são bem valorizadas
Se destacam em poesia
De maneiras arrojadas.
Somos um povo alegre
Poetas, músicos, cantor
Escrevemos verso e prosas
Em muitos usamos dor
Mas quero que todos saibam
Trazemos no peito o amor.
Nordestino gente forte
Querem apenas viver
Leveza e sabedoria
De tudo que é bem querer
Na caminhada da vida
Transmitir nosso saber.
Não calo minha viola
Para poder declamar
Trago a minha poesia
Na boca o meu versejar
Pois quero que o mundo saiba
Que a mulher pode alcançar.
Nordeste terra querida
Origem que me orgulha
No peito trago o amor
Acendo minha fagulha
Queimando o preconceito
E meu poema mergulha.
Pra a mulher nordestina
Eu digo a minha verdade
Filhas de Cabra da peste
Herança da honestidade
Vencendo a dura vida
Exigindo equidade.
Vivendo tempo difícil
E mostrando valentia
Um povo descriminado
As vezes com covardia
Supera dificuldades
Na raça e na poesia.
Encerro este cordel
Com muita dedicação
Ofereço ao meu povo
Com toda minha emoção
Trazendo no verso e Prosa
Que tenho no coração.
Guierta Rosane

QUE FIQUEMOS NA MEMÓRIA
Que estejamos nas lembranças
De quem já cruzou o caminho,
Que alguém distante recorde
Nosso sorriso, o carinho.
Que o bem que a gente espalha
Seja sempre um doce ninho.
Que a nossa presença leve
Traga conforto e calor,
Que sejamos a saudade
Da amizade, o valor.
Que sejamos o amor puro
Que alguém sempre guardou.
Sejamos na rua o riso
Que encantou o coração,
Que sejamos a lembrança
De alegria e emoção.
Que em cada alma que passa,
Vivamos na gratidão!
Lu Bezerra

CRIA POESIA EM ASSÚ
No Vale do Assú, terra querida,
O Cria Poesia já fez seu lugar,
Com mulheres fortes e cheias de vida,
Vieram com garra para cordel criar.
A arte floresce, o verso convida,
Em cada encontro, o saber partilhar.
Mulheres de fibra, força e coragem,
Das mãos brotam versos de pura emoção,
Na rima que nasce uma grande homenagem,
Ao Vale amado, terra e tradição.
No Cria Poesia, fazem a passagem,
De uma cultura que é o coração.
Em Assú se viu toda transformação,
De palavras soltas a verso rimado,
Cada história traz uma devoção,
Uma vida em cada cordel narrado.
Nas oficinas, total união,
De vozes que fazem um coro encantado.
Com a AMPARE, esse sonho nasceu,
De levar poesia a todo lugar,
E em Assú o cordel floresceu,
Nas mãos de mulheres vieram criar.
O Cria Poesia se engrandeceu,
Com cada estrofe a se perpetuar.
Casa de Cultura, história e arte,
Baronesa de Serra Branca que inspira,
Aqui, seu legado faz a melhor parte,
De uma cultura que não se retira.
O Cria Poesia tem seu estandarte,
Nessa casa onde a arte transpira.
Lu Bezerra

REVELAÇÃO
As Senhoras e Senhores
Vou agora revelar
Uma linda descoberta
Já aprendi a rimar
Sim, com zelo e aptidão
Meu Cordel vou recitar
Vou falar de desafio
E também de alegria
Chegando na longa estrada
Difundindo a fantasia
Foi tecendo meu viver
Com o Cria Poesia
Despertou em meu viver
Disso eu sou consciente
Até para entender
Recebi como presente
De todo meu coração
Ficando muito contente
Foi chegando devagar
Pra minha vida mudar
Como quem rega amor
Fazendo tudo brotar
Com muitas trovas e versos
Rimas nos dedos a contar
E foi tanta a alegria
Maior a satisfação
Ver todas se ajudando
Na maior interação
Quando menos deram fé
Já acharam a solução
Métricamente correta
A poesia já pronta
Entregue ao editor
E o resultado aponta
Se finda nossa Oficina
Quando o produto apronta
A poesia é o farol
Para a vida iluminar
Só precisamos seguir
O desafio aceitar
Realizando um sonho
Nossa meta alcançar
Vou aqui me despedindo
Mas, prometendo voltar
Até que noutro momento
Eu volte a te encontrar
Só não esqueça de mim
Eu me chamo Udymar
Udymar Pessoa

POTIGÁS, CULTURA E ENERGIA TRANSFORMANDO O RN ATRAVÉS DO CRIA POESIA
A Potigás no RN,
Uma História pra Contar,
Energia que Renova,
Vem do Gás a Transformar,
Desenvolvendo o Estado,
Sempre a Força a Impulsionar.
Nasce em solo potiguar,
No ano de noventa e três,
Uma empresa dedicada,
Com coragem e altivez,
Levando o gás natural,
Progresso que o país fez.
Do sertão ao litoral,
Ela logo se expandiu,
Levando energia limpa,
Onde o povo aplaudiu,
Qualidade, eficiência
O Estado todo se uniu.
liderança feminina,
A Potigás tem seu valor,
Com mulheres na direção,
A força multiplicou,
Garra e determinação,
Futuro consolidou.
No comércio e na indústria,
Impacto foi genial,
E o gás chegou com força,
Tornou-se essencial,
Movendo a economia,
Com energia sem igual.
Nas artes e na cultura,
Potigás também chegou,
Incentivando o talento,
CRIA CORDEL se espalhou,
Dando força à tradição,
Que o Nordeste consagrou.
Nas cozinhas da cidade,
Nas fábricas sem cessar,
O gás natural potiguar,
Veio tudo transformar,
Gerando emprego e renda,
Para o povo prosperar.
Na nossa Natal querida,
E em tantas outras cidades,
A Potigás se faz presente,
E com responsabilidade,
Contribui para o futuro,
Com sustentabilidade.
AMPARE é quem nos guia,
Com coragem e destemor,
Empoderando mulheres,
Com cultura e muito amor,
Fortalece e semeia
O futuro como flor.
No Cria Poesia, o sonho
De cordelistas brotar,
Resgatando a tradição,
Que o tempo quer guardar,
Com a Potigás como apoio,
Nossa arte vai brilhar.
É uma história de sucesso,
De um trabalho exemplar,
A Potigás é orgulho,
Deste povo potiguar,
Com energia e inovação,
Sempre pronta a avançar.
Equipe Cria Poesia

FÉRIAS DE VERÃO
No último dia do ano
É frenesi de montão
Todos arrumando malas
Para brincar no verão
Com nossas coisas no carro
Seguimos com emoção.
Chegou o entardecer
Olha só nossa casinha
Branca com portas azuis
A sacada na areinha
Logo à frente era mar
Com onda inquietinha.
Ao olhar lá para cima
Uma duna aparecia
Em um céu bem estrelado
E a lua adormecia
Com um sorriso no rosto
De esquibunda descia.
Caiu a noite arredia
Nós armamos a redinha
Lá fora com vento frio
A luz fria e sozinha
Os livros então eu lia
Logo estava quentinha.
Logo no dia seguinte
Pensando no que fazer
Após o café da manhã
Para a praia vou descer
Banho de mar tomaria
Na falta do que fazer.
Já já é quase meio-dia
Tem tatuís na areia
Corri lá para pegar
E logo vi uma sereia
Foi uma ilusão no mar
Que minha vista encandeia.
O Sol veio esquentar
Corri pro mar e esfriou
Mergulhei sob uma onda
Que logo me derrubou
E fui de volta pra beira
E a maré me refrescou.
Janaina Lucena

AVENTURA CRIA POESIA
Nós já plantamos cordel
Verso e poesia em flor
Desde a tromba do elefante
Com as bênçãos do Senhor
Até nossa capital
Com muita coragem e amor.
Fui no Cria Poesia
Um projeto abençoado
Com Luciana na frente
E Manoelzinho de lado
Essas estradas de noite
Me dão um medo danado.
Marliene acompanhando
Todo esse movimento
Luta pela inclusão
Com todo merecimento
Tem minha admiração
E de Deus consentimento.
Fui no valoroso carro
Cria-móvel, sim senhor
Que ia se esgoelando
Quase batendo o motor
Mas que cumpre sua missão
Como um carro de valor.
Bombom foi a motorista
Na metade do caminho
Eu ia rezando um terço
E não rezava sozinho
Pense mulher que pilota
Com os “zói” pequenininho.
Eu também quis demonstrar
Que sabia dirigir
Será que o povo tomava
Remédios para dormir
Só porque a 120
Chego antes de partir.
Vamos logo a Pau-dos-aFerros
Com um baita dum carrão
Ju, Bombom e Udymar
Todas prestando atenção
Nas alunas poderosas
Poetizas de montão.
Nós também fomos pra Açú
Currais-Novos, Santa Cruz
Os monitores parecem
Cada um anjos de luz
Sem eles não era possível
Só a Graça de Jesus.
A luz do conhecimento
Praticando a poesia
Conhecemos poetizas
E trocamos energia
Fizemos buquê de versos
Que até cheiro se sentia.
Teve coisas engraçadas
Curiosas por demais
Eu que não tinha ideia
Do que é que a fome faz
Comi pão em restaurante
Mas a buchada jamais.
Santo Antônio foi deslumbre
Ver o sol no entardecer
Parece os olhos de Deus
Quando está pra adormecer
E tanta beleza assim
É difícil descrever.
Bombom nossa comandante
Udymar sua tenente
Luciana General
Manelzinho tão valente
Que come cabeça de peixe
E ainda fome sente.
Jussiara Co-Pilota
Nos seus braços me perdi
Mas que caba enrolado
Coisa igual eu nunca vi
E toda vez eu pergunto
– O que tava escrito ali?
Mas estou tão orgulhoso
Do Projeto campeão
Cumpriu o que prometeu
E com determinação
Eu agradeço demais
Por terminar a missão.
Nova etapa vem seguindo
É a diagramação
Vamos imprimir o cordel
E dar um em cada mão
Para terem seus poemas
Sentirem essa emoção.
Obrigado grande Ampare
Associação vistosa
E que cultiva as mulheres
Cada uma como rosa
Com carinho e atenção
Na forma mais generosa.
Somente quem acredita
Na força que a mulher tem
Que emerge dos oceanos
Sabendo o que lhes convém
Pode colher poesia
Amando e querendo bem.
Obrigado Potigás
Por ser a grande parceira
Por acreditar em nós
Em Luciana guerreira
Mas não pense que acabou
Essa é só a primeira.