Santa Cruz

MATERNIDADE: AMOR, PERDA E RENASCIMENTO
Meu leitor, minha leitora,
Peço aqui sua atenção.
Vou contar uma história
Que tem muita emoção:
A mãe perder o seu filho,
Uma dor sem dimensão.
Início de dois mil e treze,
Quase vi se concretizar,
Foi no teste de gravidez,
Era positivo, a afirmar.
Era minha filha amada,
Em breve iria chegar.
Batizei de Geovana,
Minha maior alegria.
De sonho a realidade,
Que parecia magia.
Me senti abençoada,
Minha nova companhia.
Foi uma gravidez tranquila,
Sem nenhuma preocupação,
Geovana estava bem,
Tudo uma perfeição.
Me aguardava a tristeza,
Tamanha desilusão.
Um inesquecível dia,
Senti leve desconforto.
A médica examinou,
Não era caso de aborto.
Mas não fazia diferença,
Foi caso de natimorto.
Uma notícia inesperada:
Minha filha faleceu.
Não consegui acreditar,
Como pôde acontecer?
Parecia pesadelo,
Me senti enfraquecer.
Em dois mil e dezenove,
Teve que se repetir,
Outro filho foi pro céu,
Eu deveria resistir?
E que lindo menino!
Vi em minha vida surgir.
Dei nome de José Neto,
Meu pai homenageei.
Espelho pra meu filho,
Primeiro homem que amei.
Gerei um filho homem,
Isso nunca imaginei.
Infelizmente não contava
O que tinha que passar:
Uma doença séria veio
Pra o meu filho levar.
Sepultar outro filho,
Tamanha dor suportar.
Noventa dias comigo,
A médica desenganou.
Após os tratamentos,
Muito pouco funcionou.
Eu pensei no desespero:
O criador me enganou.
Por que fez isso comigo?
O senhor comigo brincou.
Um presente valioso,
Simplesmente me tomou.
Momento de desespero,
Creio que me perdoou.
Eu não curto vitimismo,
É minha realidade
Não desejo pra ninguém
Tanta adversidade
Obstáculo difícil,
Enorme fatalidade
Ainda sobre ser mãe,
Desejo lhe relatar:
A minha filha do meio
Veio comigo ficar
Escolhi o nome Isis,
Tenho a honra de cuidar
A mulher vive desafios,
Algo novo a superar
Tantas dificuldades
Que deixamos de contar
Cada dia uma batalha,
Um leão para matar
Mãe é algo precioso,
Todo dia a batalhar
Ensinando o caminho
Do bem, pra o filho trilhar
Enfrenta preconceito,
Um dos menores a citar
Esse singelo cordel
Quero aqui dedicar
Ao professor Gilberto,
Sempre a me convidar
Para fazer um cordel,
Sempre a me influenciar
Maria Luciana

FILHA DE ANALFABETOS FORMOU-SE MESTRA
No interior distante
Com a vida a sonhar
Nascia, Ana menina
Sempre atenta a estudar
Filha de analfabetos
Fez das letras seu pensar
Sua mãe muito cansada
Sem as letras conhecer
Dizia, filha, estude
Pra seu nome aprender
Ler o que quer decifrar
Para o mundo saber
Sonhando com os estudos
Ana sempre insistindo
Estudando letra em letra
No ensino persistindo
Na escola dessa vida
Nessa luta resistindo
Anos depois de formada
Com o diploma na mão
Filha de Zé e das Dores
Virou mestra em ação
Com seus conhecimentos
Transformando a nação
Com luta e persistência
Desafios encarou
Do “ProfLetras” fez parte
E uma Mestra se tornou
Com apoio da família
Muitas coisas alcançou
Depois de formada Mestra
Ana conta sua história
Que foi no mundo das letras
Construindo sua trajetória
E formando seu caminho
Teve a vida meritória
Mesmo sem experiência
Nos mostrou que é capaz
Vibra junto da família
Pelas coisas que se faz
Estudar é o caminho
O orgulho satisfaz.
Lá da Serra da Tapuia
Venceu o medo e dor
Para o sonho alcançar
Graduada por amor
Das Letras ser uma Mestra
Isso digo com fervor
Ana Glória

CRIAção de POESIA
Como vou me concentrar
E buscar inspiração
Para criar um cordel
Que transmita emoção
Que não gaste muito tempo,
Mas que sirva de lição
No meio dessas artistas
Com anos de produção
Economizar tempo,
Parece perturbação
Nesse jogo de palavras
Não encontro solução
Surge assim tão de repente
Com a produtividade
Mas ficar sem escrever
Isso é pura crueldade
Para quem ama a cultura,
Poesia de verdade
Espremer nossas ideias
De forma assertiva
Despertando o pensamento
De maneira gradativa
Produzindo um bom texto
E criar expectativa
Uma rima singular
Que parece um rabisco
Não me sinto preparada
Mas ainda me arrisco
Quem apenas se lamenta
Nunca muda esse disco
Peço a Deus que me ajude
Me dando sabedoria
E faça brotar em mim
Os traços da alegria
Ao fazer da minha vida
Uma eterna poesia
Conhecendo as histórias
Estimulando a mente
A um breve suscitar
De modo bem consciente
Fazendo a reflexão
Para ser experiente
Ser parte de um projeto
Mudou o meu pensamento
À criar loucuras novas
Nesse novo experimento
Importante nessa vida
É viver esse momento!
Karla Assis

A FUGA DE MONALISA
Monalisa, certo dia
Cansou de o museu abrir
Usou de sua ousadia
Para se sobressair
Pensou “De que vale a fama,
Se aqui dentro sou um drama?
Preciso mesmo é partir”.
Desceu do Louvre ligeira
Não fez alarde nem som
Passada leve e fagueira
Da rua, olhou o tom
Sentiu-se de novo viva
Desejava a luz altiva
E tudo que fosse bom.
Depois de sair, correu
A passada se avexava
Andava gritando “eu
A séculos procurava
A porta da liberdade
Eu morria de saudade
Mas ninguém me libertava”.
Ao passar da porta aberta
Viu um mundo diferente
A rua estava deserta
Mesmo que em sua frente
Como que em outro mundo
Passasse ali por segundo
Uma carrada de gente.
Era muita novidade
não acreditava ao ver
pessoas de toda idade
andavam sem perceber
Olhavam a própria mão
Quase saiam do chão
De tantas vezes correr.
Mulheres bem arrumadas
Com muito a oferecer
Andavam tão animadas
Assim quis também viver
De fato, algo importante
E esse futuro distante
Mudou seu jeito de ser
Cada mulher que passava
Desimpedida, inclusive
Monalisa se assustava
Falava: Sem nem um prive?
Posso estar alucinando
Ou será que estou sonhando
Com um mundo que não tive?
Ficou um pouco assustada
Com tanta força e coragem
Enquanto ela, calada
ilesa naquela imagem
Via o pincel da igualdade
Pintando outra verdade
Mudando toda paisagem.
Conheceu mulheres fortes
Posicionadas na vida
Enfrentando só com sorte
Os preconceitos da lida
Agora via o levante
Do que naquele instante
Era um ponto de partida.
O mundo corria tanto
Monalisa se perdia
Era flash em todo canto
Muita luta e correria
Entre tanta informação
Ela viu a decisão
difícil que tomaria
Essa aventura a cansou
E a mulher não quis ficar
Olhou em volta e pensou
Analisou o lugar
Por mais que de lá gostasse
Decidiu o seu empasse
Ao Louvre quis retornar.
De volta para seu quadro
Se arrumou para voltar
Pensava com animação
Em seu próximo lugar
Pra se quiser novamente
Sair do quadro e contente
Correr para visitar.
De volta a sua moldura,
Só se olha quem puder
Nos olhos, sua figura
Mostra um brilho de mulher
Mas quem a observava
Sentia que ela estava
Num paraíso qualquer
Monalisa fica assim
De sorriso tão sutil
Seu olhar fala, enfim
Trocando palavras mil
Se novamente fugir
Vai correr pra descobrir
As belezas do Brasil
Andressa Nascimento

VIVENDO E APRENDENDO
O novo me assusta
Mas eu não me esmoreço
Apesar da vida dura
Mas o sonho tem seu preço
Ter medo do que vai vir
Coragem do recomeço
Quem sabe o desejo
Grande Deus para mim tem?
Vou enfrentar esse medo
Arriscar-me, que mal tem?
Contas não podem parar
Quanto ficar sem vintém?
Muitas vezes tentei fugir
Mas estava destinado
Destino é duvidoso
Até mesmo no passado
Meus pais nasceram aqui
Mas fui em outro estado
Acho que na verdade
Eu tive muita sorte
E se nada me faltou
Pensei até ser trote
Tantas pessoas boas
E isso virou meu norte
Nunca vou me esquecer
Tá guardado bem aqui
Aquecer das memórias
Faz a gente refletir
Sorte de boa amizade
A menor dor é partir
No fim vou caminhando
Sem pensar em desistir
Os sonhos são maiores
Não se pode resistir
Pois o motivo maior
Os meus espera aplaudir
Joyce Santiago

MÃE – MANSA E HUMILDE DE CORAÇÃO
Vou contar uma história
Relatos de um amor
Falar de uma mulher
Um ser de grande valor
Ela é muito valente
Cheirosa como uma flor
O seu nome é Helena
Sobrenome resistência
Com sua simplicidade
Sempre teve paciência
Mesmo nas dificuldades
Demonstrava sapiência
Guardo ainda na memória
Lembro-me de mim criança
De um tempo bem difícil
Mas havia esperança
Mãe sentada na calçada
Mergulhada na lembrança
Tinha dias que não tinha
Direito o que comer
Ela olhava pro céu
Orava pra Deus prover
Milagres aconteciam
E surgia o que fazer
O tempo foi se passando
Assim ela nos criou
Com muita dignidade
Amor, nunca nos faltou
Hoje com cabelos brancos
Vê os frutos que plantou
E agora já velhinha
Nos dá ainda lição
Com uma fé fervorosa
Guardada no coração
Se sente realizada
Vendo nossa união
Com setenta e um anos
Um câncer ainda enfrentou
Em meio a pandemia
Essa notícia chegou
Para surpresa de todos
Ela que nos acalmou
Hoje completa três anos
Que ela está curada
Pra honra, glória de Deus
Essa história é contada
Sou grata a Jesus Cristo
Pela minha mãe amada